sábado, 16 de outubro de 1999

PEDRA DA GÁVEA (2ª vez)




Por duas vezes Eu e o Herbert conquistamos o cume da Pedra da Gávea, a primeira foi em setembro de 1995 e a segunda com nossos filhos e outros amigos em outubro de 1999.
A Pedra da Gávea ganhou este nome devido ao seu formato de cesto, conhecido como Gávea (cesto onde se localizava um observador nas antigas embarcações) e é hoje uma das montanhas mais freqüentada do Rio de Janeiro e talvez do Brasil, porém é onde acontece grande número de acidentes, inclusive mortes, causados muitas vezes por montanhistas com pouca ou sem nenhuma experiência que ousam transpor suas encostas bastante íngrimes em busca de aventuras sem equipamentos adequados e pessoas experientes para guia-los.

Sua trilha é considerada semi-pesada e muito técnica, com duração entre 3 a 4 horas de caminhada e lances de pequenas escaladas até o final do percurso, é provavelmente a caminhada mais bonita da cidade, mas sua trilha é bastante cansativa. Estando localizada no Parque Nacional da Tijuca com seus 842 metros de altitude é o maior monolito a beira mar do planeta, formado basicamente de gnaisse e granito, despertando assim grande interesse por sua imponência, mistério e histórias contraditórias. Várias histórias e lendas caem sobre esse marco natural do Rio de Janeiro, sendo as mais conhecidas que a montanha foi esculpida pelos antigos Fenícios, que deixaram lá o rosto do seu imperador, além de um grande portal que levaria a outras dimensões e que em seus olhos existem antigos textos fenícios que ainda não foram decifrados.
O ecossistema da Pedra da Gávea é característico da Mata Atlântica secundária, mas ainda existem resquícios das matas originais nos pontos de difícil acesso. Podemos encontrar árvores de todos os portes e uma floresta exuberante na vertente da Barra e também algumas bromélias e orquídeas que somente é encontrada na Pedra da Gávea. Para quem é adepto do montanhismo de escalada ou alpinismo na Pedra da Gávea existem várias opções de vias com dificuldades que variam de 1º a VII graus em vias clássicas e até A3 em artificial. São no total cerca de 20 vias com até 350m de extensão, sendo que uma das mais conhecidas é a clássica Travessia dos Olhos.
Marcamos o encontro as 8:00 hs com o restante da galera na Praça Desembargador Araújo Jorge na Barra da Tijuca, é a pracinha onde ficam alguns bares, inclusive o bar do Oswaldo. Dali seguimos para a Estrada Sorimã, onde entramos por um portão de um condomínio, depois de avisar ao segurança que íamos fazer a trilha para a Pedra da Gávea. Caminhamos até o local do início da trilha propriamente dito onde existe um placa com um mapa e um resumo das informações da trilha que inicialmente passa por um caminho colonial de pedras com alguma ruínas históricas. A trilha começa tranqüila e logo passamos pela Cachoeira do Sorimã que nos dias mais quente ao final da trilha os aventureiros costumam se refrescar em suas águas. Após a cachoeira a trilha se torna com uma subida bastante acentuada e aproximadamente 1 hora depois pegamos o primeiro trecho de escalaminhada, que é realizada com a ajuda de raízes e troncos de árvores. Logo depois surge um outro obstáculo na trilha, uma grande laje de pedra muito escorregadia onde foi colocado alguns degraus de ferro e um cabo de aço para ajudar, o que torna essa subida bem mais fácil. Passamos desse ponto chegamos a Pedra do Navio, um interessante conjunto rochoso com uma gruta, de onde temos um belo visual da Barra da Tijuca. A trilha após a Pedra do Navio segue ainda com um bom aclive e com muita erosão até a chegada da segunda escalaminhada, onde é preciso ter todo cuidado para evitar escorregões, pois a subida é feita em blocos de pedra com muito limo devido a umidade do local. Seguindo a trilha em poucos minutos chegamos ao local chamado Praça da Bandeira, local descampado e plano onde se encontram as 3 trilhas para a Pedra da Gávea, a primeira é a que começa na Estrada do Sorimã (Barra da Tijuca), e segunda começa na Estrada das Canoas (São Conrado) e a terceira é uma trilha que liga a Pedra Bonita a Pedra da Gávea. Até aqui seguimos a trilha sob a proteção das copas das árvores, agora em área descampada o sol quente deixava a sensação térmica de mais de 40º de temperatura e logo chegamos a um mirante com uma magnífica visão da Barra da Tijuca, da Cabeça do Imperador e de outras montanhas da região. A cabeça do Imperador ou Cabeça do Gigante como também é conhecida é uma grande imagem de um gigante esculpida na pedra, exibindo um belo visual para quem sobe a trilha. Seja uma acidental obra da natureza ou não, a semelhança é muito grande e realmente parece uma escultura de um gigante.

Seguimos uma trilha bem estreita e com uma tremenda ribanceira do lado direito até chegar à famosa
Carrasqueira que é um paredão de pedra com grande aclive de aproximadamente 30 metros. Este trecho é uma escalada considerada fácil e o mais lento de toda caminhada, pois muitas pessoas que chegam neste ponto pela primeira vez e com pouca experiência pensam em não fazer o restante do percurso., pois alem da grande subida a nossa frente existe na parte traseira um enorme precipício, necessitando de um guia com conhecimento da área e utilização de material de segurança para obtenção de todo suporte para que não ocorra acidentes, pois qualquer erro poderá ser fatal. Depois de muito tempo para ultrapassar a "Carrasqueira" o grupo enfrentou uma subida muito ingrime até chegar ao Portal da Gávea com seus 15 metros de altura localizado a nordeste da Cabeça do Imperador, dizem que esse portal liga a Pedra da Gávea a outras dimensões e a outros lugares sagrados do mundo como por exemplo, Machu Pichu. Superado o Portal pegamos um pequeno trecho de vegetação até o topo e mesmo extenuados pelo cansaço a chegada ao cume é recompensada por uma fantástica visão de 360º, a vista que se tem do seu topo é considerada por muitos a mais espetacular do Rio de Janeiro. Descansamos, lanchamos e fomos explorar o local, primeiro pegamos um caminho para a direita que fica de frente para São Conrado, podemos ver toda a Baía da Guanabara, grande parte do Parque Nacional da Floresta da Tijuca, incluindo o Corcovado e a Pedra Bonita, zona sul, Centro, Niterói com a ponte que liga ao Rio e toda cadeia de montanhas da Região Serrana, depois o caminho da esquerda que vai para a Cabeça do Imperador, onde fica o ponto mais alto da Pedra, mas para chegar lá é preciso muito cuidado, pois necessitamos descer uma pequena encosta com auxilio de um cabo de aço e depois fazer uma pequena e
escorregadia escalaminhada para chegar topo da cabeça, mas todo esforço vale a pena, com o visual de toda Barra da Tijuca aos nossos pés, Baixada de Jacarepaguá e o Maciço da Pedra Branca. E depois de curtir cada pedacinho do cume e tirar muitas fotos desta exuberante montanha, retornamos a trilha para a descida. Além de todas as histórias e lendas, que por si só já levam qualquer pessoa a querer conhecer essa linda caminhada, e de seu fantástico mirante de onde é possível contemplar boa parte da cidade, essa talvez seja a caminhada mais bonita do Rio de Janeiro. A vista do topo da Pedra da Gávea é simplesmente maravilhosa. Lendas e histórias à parte, só o fato de conquistar essa montanha já vale todo o sacrifício.

Dicas

1. A caminhada deve ser percorrida com auxílio de um guia, com equipamento de segurança adequado e com bastante cuidado. Entre os equipamentos importantes para o caminhante levar, estão a corda, lanterna e agasalhos.
2. O acesso para a Pedra da Gávea se dá tanto pela Barra como por São Conrado ou Itanhanguá. Pode-se chegar à Pedra da Gávea também a partir da Pedra Bonita.


3. A água é muito escassa nas partes altas, porém, nas bases é possível encontrar pequenas cachoeiras dentro de florestas densas.
4. Caso você não possua experiência em escaladas ou não tenha equipamento de segurança procure um grupo ou pessoa que a tem, os clube de montanhismo cariocas estão aí para isso mesmo, para passar as experiência e conhecimento dos mais velhos no esporte para os mais novos, essa é a essência de nossos clubes.
5. quando ir: O ano inteiro, de preferência em épocas com temperatura mais amena.