quarta-feira, 10 de outubro de 1990

PICO DA PEDRA BRANCA (out/1990)



O gosto pela aventura começou muito cedo, desde os meus tempos de menino, quando com meus pais subi por 3 vezes o maciço da Pedra Branca até o cume da Pedra do Ponto, porém nunca tinha ido efetivamente até o Pico da Pedra Branca, bem ali pertinho, talvez por falta de oportunidade. O tempo passou, mas a vontade de conhecer o maior pico da cidade continuou, até que em outubro de 1990 a oportunidade surgiu, pois uma faixa num posto de gasolina, convidava a todos para a subida do mesmo. Assim Eu, Thiago (meu filho), meu sobrinho Rafael(Iéio) e seu pai(Marinho) e meu amigo de fé e irmão camarada Herbert, amigo de tantos caminhos e tantas jornadas, juntamente com seu filho Rafael(Leleu) iniciamos verdadeiramente a paixão pela aventura que dura até hoje, praticamente foi nesta caminhada onde tudo começou.
O Pico da Pedra Branca ponto culminante da cidade do Rio de Janeiro, com 1024 m de altitude está localizado no parque que leva seu nome. Situado na Zona Oeste da cidade, o Parque Estadual da Pedra Branca foi criado em 1974 e é o maior parque natural urbano do mundo, com área de 12.500 hectares, e para se ter uma idéia que não é pouca coisa, ele possui uma área quase 3 vezes maior que o Parque Nacional da Tijuca. O parque foi criado para proteger os resquícios da nossa Mata Atlântica e nele encontramos além do Pico da Pedra Branca, as represas do Camorim e do Pau da Fome, um antigo aqueduto, antigas fazendas coloniais e um importante patrimônio arquitetônico, com a Capela de São Gonçalo do Amarante, construída em 1625, a Igreja de Nossa Senhora de Monserrat, de 1776, e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e São Boaventura, construída por volta de 1730.
No dia marcado, estávamos nós lá, com um grupo de mais de 50 pessoas, de idades variadas, Thiago com apenas 6 anos, comandados por um guia de nome Mariano, morador da área e conhecedor profundo de todas as parte do parque.
A trilha efetivamente começou pela localidade conhecida pelo nome de Viegas no Bairro de Bangu e ao longo do caminho atravessamos sítios com plantações de hortaliças, laranjas e muita banana, encontramos vários riachos e pequenas cachoeiras e alguns mirantes. Depois de aproximadamente 2 horas de caminhada, paramos para descansar e comer algo num local conhecido como “Caixinha”, reservatório construído pela antiga Fabrica Bangu para captação de água para suas instalações industriais. Seguimos em frente, sempre por trilhas ora floridas ou com muitos e deliciosos frutos de amora silvestre, espécie endêmica na região.
Chegamos ao cume do Pico da Pedra Branca após quase 5 horas de caminhada, com os pequenos Thiago e Rafael firme e forte, esses baixinhos foram guerreiros mesmo. Lá existe uma grande pedra de cerca de 3 metros de altura, que parece que foi cuidadosamente colocada aí só para que o Pico da Pedra Branca ficasse maior que o Pico da Tijuca, já que a diferença entre os dois é de exatamente 3 metros. No alto dessa pedra tem um marco de cimento marcando o ponto mais alto da Cidade do Rio de Janeiro e conseqüentemente o mais alto de todo parque. É uma diversão a parte subir na pedra, ver os outros escorregando além de apreciar o visual lá do alto da pedra, que sinceramente não é grande coisa, dá apenas para ver o Maciço de Gericinó, Maciço do Tinguá, Campo Grande, parte da baixada fluminense e uma linha de montanha ao fundo que é a Serra dos Órgãos ao norte vislumbramos desde o Recreio até a Restinga da Marambaia ao sul.
Ficamos ali por cerca de 1hora, tiramos muitas fotos e resolvemos retornar, pois devido ao grande número de pessoas, o Mariano temia que chegássemos lá embaixo na escuridão, o que não ocorreu, pois chegamos ainda com o dia claro. Terminava ali esta aventura, mas começava outra bem maior que dura até hoje.
Resolvi escrever este artigo, por se tratar de um marco na história do Tô Perambulando, pois como relatado anteriormente, foi aí que tudo começou. Valeu Herbert, pela amizade e pelas aventuras que vivemos e que com certeza viveremos ainda mais, e que o site continue bombando. Um abraço.

Valdir Neves