sábado, 3 de setembro de 2005

TRAVESSIA COBIÇADO - VENTANIA



Em setembro de 2005 encontrei com alguns amigos na casa do Alemão bem no alto da Serra de Petrópolis, para realizar a Travessia Cobiçado -Ventania. Depois do tradicional café com pão e manteiga na chapa, seguimos para a localidade de Santa Isabel que fica no bairro Caxambu, em Petrópolis, onde deixamos os carros.
Todo mundo conhece a mais famosa travessia do Rio de Janeiro, que é a Petrópolis - Teresópolis, mas os municípios serranos possuem outras travessias muito bonitas também, destacando-se entre elas a Cobiçado - Ventania, uma das mais lindas trilhas da Serra. Essa travessia é uma caminhada semi-pesada com pouco mais de 12 Km de extensão, realizada entre 5 e 6 horas. A Travessia Cobiçado - Ventania é praticamente uma passagem pelas cristas das montanhas da Serra Estrela, bem na divisa entre os municípios fluminenses de Petrópolis e Magé, possuindo uma incrível diversidade de visual de tirar o fôlego, isso porque se caminha praticamente onde nasce a Serra do Mar, ou seja, não existem obstáculos entre os montanhistas e o litoral. A travessia exige atenção e cuidados, pois expõem os aventureiros a abismos e obstáculos naturais, mas quem desfrutar desses momentos de aventuras jamais esquecerá.


No inicio da trilha, encontramos o primeiro desafio que é a forte subida do Morro do Cobiçado com um desnível de aproximadamente 400 metros e com um aclive de quase 75 graus, para vencer seus 1.678m de altitude, que na verdade é a parte mais cansativa de toda travessia. Aproveitamos para apreciar o belo cume do Cobiçado bem a nossa frente e também o imponente cume pontudo do Alcobaça ao lado esquerdo. No amplo cume do Morro do Cobiçado existem boas lajes para descansar, lanchar e admirar soberbas paisagens, como uma vista surpreendente da cidade de Petrópolis e de grande parte das montanhas da cidade, como o Meu Castelo, o Morro do Cortiço, o Ovo de Colombo e o Morro da Lagoinha, sendo possível também ver mais longe a imponente Maria Comprida e outros morros da Serra das Araras, mas o que se destaca, além do pontiagudo Pico do Alcobaça ao lado de outras montanhas do maciço da Serra dos Órgãos são os imensos blocos de pedras que formam os Castelos do Açu, e se o dia estiver bem limpo, ainda de quebra podemos ver parte da Baixada Fluminense e de toda a cidade maravilhosa.
A partir do Cobiçado caminhamos sobre uma grande crista, depois pegamos uma leve descida até entrar numa trilha de mata fechada, onde encontramos uma bifurcação, pegamos o caminho a direita que sobe para a crista do morro conhecido como Morro dos Vândalos com 1742 metros de altitude, ponto culminante de toda travessia. De seu cume, se o dia estiver com céu limpo, podemos ver também uma incrível vista da cidade Maravilhosa e de toda Baia da Guanabara. Aqui devemos ter atenção redobrada para não pegar o caminho da esquerda que é uma descida alternativa para o ventania, que nem sempre esta muito aberta, e além disso abrevia a caminhada, perdendo toda a vista, já que é feito por dentro de floresta.
Do Vândalos seguimos uma fina crista com abismos dos dois lados, tendo a direita uma linda vista da Agulha
do Itacolomi e a nossa frente a Pedra do Diabo. O cume da Pedra do Diabo com seus 1.734 metros de altitude não é passagem obrigatória, mas não deixe de ir, pois é uma caminhada de 10 minutos para o terceiro cume do dia, totalizando até aqui uma média entre 3 a 4 horas de caminhada.
Descendo do cume da Pedra do Diabo, continuamos caminhando por uma bonita crista, passando pelo cume do Tridente (1.682m), que possui muita vegetação e de onde obtemos uma única e ótima vista para as belas plantações do Vale do Caxambu. Continuamos agora descendo uma trilha bem íngreme e neste trecho a mata dá lugar a uma bela parte da caminhada, que é uma extensa crista com vegetação baixa, tendo ao fundo o maciço da Serra dos Orgãos.
Partimos agora para o último cume da travessia, a descida do Tridente para o Alto da Ventania com 1.560m de altitude. Na verdade o Alto da Ventania não tem um cume bem definido, mas uma junção de cristas com capim baixo e lajes de pedra. É uma descida bem íngreme onde é necessário descer com cuidado segurando os galhos das árvores.
Depois de ralar na descida do Tridente chegamos a parte mais bonita de toda travessia, que é a caminhada para o Alto da Ventania que cruza uma bela crista com um capim baixinho, descortinando  uma paisagem maravilhosa com o Pico Grande de Magé a direita, Açu ao fundo e o Alcobaça a esquerda. Realmente um cenário surpreendente, fantástico e muito especial para fechar com chave de ouro essa clássica e bela travessia de nossa Serra Imperial.
A descida do Ventania para o bairro Caxambú, é feita pela esquerda, em aproximadamente 1 hora em direção
 as torres de alta tensão num curioso roteiro que termina no mesmo lugar que começamos, facilitando bastante a logística de transporte. Uma trilha clássica, que merece ser conhecida.
Ressalto aqui que as fotos aqui mostradas não são de minha autoria, e sim de amigos que enviaram para incrementar mais esse post. As minhas fotos tiradas nesta trilha ficaram na minha máquina que foi roubada, juntamente com meu carro, hehehehehe.
Dicas
1- Como Chegar
Via Caxambu Pequeno - Santa Izabel
Pegar o ônibus da linha Caxambu Santa Izabel na rodoviária do centro de Petrópolis, pedir para o motorista para saltar em frente à Igrejinha do bairro do Caxambu, que é um ponto antes do ponto final na Rua José Almeida Amado. Após descer do ônibus siga pela estrada com calçamento de pedras, essa estrada é chamada de “Caminho do Cobiçado”.



Se saltar no ponto final siga a Rua José Almeida Amado, entre direita em uma estradinha, nessa esquina no lado da direita existe uma quadra enorme de futebol, pertencente a uma casa bem grande com a placa “Renato Centro Recreativo Esportivo”. Esta localidade é conhecida como Três Pedras. Siga por essa estradinha até passar pela Igrejinha. Após 15 minutos de caminhada a partir da igrejinha a estrada com calçamento de pedra acaba para dar lugar a uma estradinha precária de terra, nesse ponto viramos para a esquerda e passaremos pela última casa do bairro e depois por um muro grande com dois metros de altura, é nesse ponto que é a interseção com a subida proveniente da Rua Pedro Ivo.


2- Quando Ir:
O inverno é a melhor estação do ano para se caminhar/escalar os morros de Petrópolis, principalmente nas de maior duração e/ou com pernoite, pois o tempo é bem mais estável. Nas demais estações é possível ir, mas esteja preparado para chuvas principalmente no final da tarde, no verão as temperaturas podem chegar perto dos 40°C.

segunda-feira, 7 de março de 2005

TORRES DE BONSUCESSO - CENTRAL E FERRO DE PASSAR/TERESÓPOLIS-RJ



Saímos do Rio de Janeiro e nos dirigimos a Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, assim que chegamos à Bonsucesso, entramos à direita, numa leve subida, com uma Igreja no alto. Há uma placa indicando Lucios. Seguimos numa rua asfaltada, em condições razoáveis, até que tudo virou barro. Era caminho tortuoso e com tanto buraco que, por vezes, achava que o carro não iria resistir, mas quando percebemos estávamos no meio de uma plantação de alfaces e bem a nossa frente as famosas torres de Bonsucesso.
Estacionamos o carro ao lado de uma casa e, continuamos fascinados com o que víamos, um paredão vertical, onde afloram as imponentes torres, cortadas por grandes fendas, que vão desde a base até o alto, dando a impressão de que realmente são torres, devido a suas alturas de quase meio quilômetro, se estendendo por toda a cabeceira do lugar conhecido como Vale do Lúcio.
As Torres de Bonsucesso é um conjunto formado por três torres de granito: a Torre Maior (2.000 m), a Torre Central (1.860 m) e o Ferro de Passar Roupa (1.630 m) e ficam localizadas no Parque Estadual dos Três Picos entre as cidades de Teresópolis e Friburgo, num distrito chamado Bonsucesso.
Começamos a caminhada com destino a Torre Central por uma estradinha de chão, até  passarmos por uma pequena porteira e cruzamos um riachinho por sobre uma laje. O riacho nessa época estava reduzido a um mero fio d’água. Do outro lado começamos a trilha, com uma subida tranquila até encontrarmos algumas bifurcações, mas seguimos sem erro pela trilha principal, um pouco mais aberto. Algumas fitas nas árvores nos ajudaram na orientação. Depois de quase 1 hora de subida, entramos numa parte mais íngreme, neste trecho da trilha a vegetação fechava nossa visão e ainda não víamos o nosso destino. Um barulho de água corrente nos acompanhou nesse início da caminhada, provavelmente estávamos próximo a uma nascente, pois mais para cima era só um paredão salpicado por muitas bromélias
Conforme íamos subindo a mata começava a ficar menos fechada e logo as torres apareceram, elas estavam ali soberanas, como guardiães, tomando conta de seu território. Mais alguns metros chegamos a uma pedra, um verdadeiro mirante, onde batemos algumas fotos do belo visual que se apresentava.
Quando a trilha chega a uma crista que forma o lado direito do fundo do vale, saímos da mata e passamos a subir por dentro de um samambaial. Já conseguimos ver o ferro de passar, nossa primeira meta, logo acima e a esquerda. Em pouco tempo as samambaias dão lugar a um capim alto e continuamos subindo passando alternadamente por trechos escorregadios e algumas lajes rochosas. Chegando a crista, a trilha quebra para a esquerda e seguimos por ela. Saltamos alguns blocos rochosos até que chegamos a base do Ferro de Passar. Ali a trilha que desce para a direita é o caminho para a Torre Média. Porém antes tomamos uma via à esquerda e subimos o topo do Ferro de Passar. Do cume do Ferro tem-se ampla visão do Vale do Lúcio bem La embaixo e das outras torres a nossa direita. A visão é muito bonita e passamos uma meia hora por ali. Dizem que parece um ferro, e daquele ângulo realmente parece. Encontramos neste pedaço da trilha muitas bromélias e orquídeas floridas e outras flores também que serviram para amenizar a subida, pois o céu estava limpinho e o astro-rei nos castigava.
Voltando a base do Ferro de Passar, descemos a trilha em trecho íngreme e escorregadio agarrando as raízes ali existe, pois era a única forma de evitar um tombo. Chegamos ao fundo, e a trilha voltou a subir, contornamos  o Ferro de Passar e continuamos a subida pela crista. Minutos depois chegamos a grande chaminé, a direita da Torre Central, para quem olha lá de baixo. Dali, passamos por trás dela até chegarmos ao lado esquerdo. Subimos um pequeno trecho de trepa-pedra, um pouco exposto. A única segurança são pequenos arbustos e raízes encontrados ali e depois disso, um grande paredão de quase 500 metros. Pessoas sem experiência devem usar algum tipo de proteção.
Enfim chegamos ao cume, um lugar mágico, com um visual daqueles de tirar o fôlego. De qualquer um que ama a natureza. As montanhas se perdiam no horizonte, com o verde predominando em todas as direções. Olhando no sentido de Teresópolis, vislumbramos ao fundo toda cadeia da Serra dos Órgãos, com destaque para o Dedo de Deus, o Escalavrado, e a Pedra do Sino. Bati centenas de fotos. Curtimos muito aquela fascinante montanha, ainda mais contando com a colaboração da brisa e do sol que completavam harmoniosamente aquele ambiente. Realmente parecíamos fazer parte de todo aquele conjunto de muita paz e harmonia.
Assinamos o livro de cume, meu filho Gabriel, muito empolgado, pois era a primeira vez que assinava um. Lanchamos, e por volta das 13 horas começamos o retorno depois de momentos muito agradáveis na companhia de amigos nesta fascinante montanha. Na descida tudo ocorria dentro da normalidade até que por descuido meu, tropecei e enfiei a cara numa grande bromélia, cheia de água dentro de sua folhagem, nada grave, apenas muita zoação da galera, falando que bebi uns dois copos de água, cheio de aedes aegypti, hehehehehehehe. Dava para ver o caminho que fizemos na subida, muitas vezes marcado na vegetação rasteira. Descemos devagar, e eu fui parando para tirar algumas fotos enquanto o resto do pessoal ia a nossa frente. Subi numa pedra, abaixo do Ferro de Passar, de onde fiquei acompanhado a galera descer, num zigue zague constante até desaparecer  no meio do verde da vegetação. Muito legal esta cena.
Quase 2 horas depois chegamos ao estacionamento, e olhando para aquelas torres fascinantes, bem distantes e altas percebemos o quanto subimos. E logo vem um pensamento, que bela perambulada realizamos hoje.