Saímos do Rio de Janeiro e nos
dirigimos a Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, assim que chegamos à Bonsucesso,
entramos à direita, numa leve subida, com uma Igreja no alto. Há uma placa
indicando Lucios. Seguimos numa rua asfaltada, em condições razoáveis, até que
tudo virou barro. Era caminho tortuoso e com tanto buraco que, por vezes,
achava que o carro não iria resistir, mas quando percebemos estávamos no meio
de uma plantação de alfaces e bem a nossa frente as famosas torres de
Bonsucesso.
Estacionamos
o carro ao lado de uma casa e, continuamos fascinados com o que víamos, um
paredão vertical, onde afloram as imponentes torres, cortadas por grandes
fendas, que vão desde a base até o alto, dando
a impressão de que realmente são torres, devido a suas alturas de quase meio
quilômetro, se estendendo por toda a cabeceira do lugar conhecido como Vale do
Lúcio.
As Torres de Bonsucesso é um conjunto formado por três
torres de granito: a Torre Maior (2.000 m), a Torre Central (1.860 m) e o Ferro
de Passar Roupa (1.630 m) e ficam localizadas no Parque Estadual dos Três Picos
entre as cidades de Teresópolis e Friburgo, num distrito chamado Bonsucesso.
Começamos a caminhada com destino
a Torre Central por uma estradinha de chão, até passarmos por uma pequena porteira e
cruzamos um riachinho por sobre uma laje. O riacho nessa época estava reduzido
a um mero fio d’água. Do outro lado começamos a trilha, com uma subida tranquila até
encontrarmos algumas bifurcações, mas seguimos sem erro pela trilha principal,
um pouco mais aberto. Algumas fitas nas árvores nos ajudaram na orientação. Depois
de quase 1 hora de subida, entramos numa parte mais íngreme, neste trecho da
trilha a vegetação fechava nossa visão e ainda não víamos o nosso destino. Um
barulho de água corrente nos acompanhou nesse início da caminhada,
provavelmente estávamos próximo a uma nascente, pois mais para cima era só um paredão
salpicado por muitas bromélias
Conforme íamos subindo a mata
começava a ficar menos fechada e logo as torres apareceram, elas estavam ali soberanas,
como guardiães, tomando conta de seu território. Mais alguns metros chegamos a uma
pedra, um verdadeiro mirante, onde batemos algumas fotos do belo visual que se
apresentava.
Quando
a trilha chega a uma crista que forma o lado direito do fundo do vale, saímos
da mata e passamos a subir por dentro de um samambaial. Já conseguimos ver o
ferro de passar, nossa primeira meta, logo acima e a esquerda. Em pouco tempo as
samambaias dão lugar a um capim alto e continuamos subindo passando
alternadamente por trechos escorregadios e algumas lajes rochosas. Chegando a
crista, a trilha quebra para a esquerda e seguimos por ela. Saltamos alguns
blocos rochosos até que chegamos a base do Ferro de Passar. Ali a trilha que desce
para a direita é o caminho para a Torre Média. Porém antes tomamos uma via à
esquerda e subimos o topo do Ferro de Passar. Do cume do Ferro tem-se ampla
visão do Vale do Lúcio bem La embaixo e das outras torres a nossa direita. A
visão é muito bonita e passamos uma meia hora por ali. Dizem que parece um
ferro, e daquele ângulo realmente parece. Encontramos neste pedaço da trilha
muitas bromélias e orquídeas floridas e outras flores também que serviram para
amenizar a subida, pois o céu estava limpinho e o astro-rei nos castigava.
Voltando
a base do Ferro de Passar, descemos a trilha em trecho íngreme e escorregadio agarrando
as raízes ali existe, pois era a única forma de evitar um tombo. Chegamos ao
fundo, e a trilha voltou a subir, contornamos
o Ferro de Passar e continuamos a subida pela crista. Minutos depois chegamos
a grande chaminé, a direita da Torre Central, para quem olha lá de baixo. Dali,
passamos por trás dela até chegarmos ao lado esquerdo. Subimos um pequeno
trecho de trepa-pedra, um pouco exposto. A única segurança são pequenos
arbustos e raízes encontrados ali e depois disso, um grande paredão de quase
500 metros. Pessoas sem experiência devem usar algum tipo de proteção.
Enfim chegamos ao cume, um lugar mágico,
com um visual daqueles de tirar o fôlego. De qualquer um que ama a natureza. As
montanhas se perdiam no horizonte, com o verde predominando em todas as
direções. Olhando no sentido de Teresópolis, vislumbramos ao fundo toda cadeia
da Serra dos Órgãos, com destaque para o Dedo de Deus, o Escalavrado, e a Pedra
do Sino. Bati centenas de fotos. Curtimos muito aquela fascinante montanha, ainda
mais contando com a colaboração da brisa e do sol que completavam harmoniosamente
aquele ambiente. Realmente parecíamos fazer parte de todo aquele conjunto de muita
paz e harmonia.
Assinamos o livro de cume, meu
filho Gabriel, muito empolgado, pois era a primeira vez que assinava um. Lanchamos,
e por volta das 13 horas começamos o retorno depois de momentos muito
agradáveis na companhia de amigos nesta fascinante montanha. Na descida tudo
ocorria dentro da normalidade até que por descuido meu, tropecei e enfiei a
cara numa grande bromélia, cheia de água dentro de sua folhagem, nada grave,
apenas muita zoação da galera, falando que bebi uns dois copos de água, cheio
de aedes aegypti, hehehehehehehe. Dava para ver o caminho que fizemos na subida,
muitas vezes marcado na vegetação rasteira. Descemos devagar, e eu fui parando
para tirar algumas fotos enquanto o resto do pessoal ia a nossa frente. Subi numa
pedra, abaixo do Ferro de Passar, de onde fiquei acompanhado a galera descer,
num zigue zague constante até desaparecer no meio do verde da vegetação. Muito legal
esta cena.
Quase 2 horas depois chegamos ao
estacionamento, e olhando para aquelas torres fascinantes, bem distantes e
altas percebemos o quanto subimos. E logo vem um pensamento, que bela
perambulada realizamos hoje.