A partir deste dia, seríamos acordados pontualmente às 06:00 da manhã, com um “bôo dia” por nossos simpáticos e atenciosos sherpas que batiam na porta de cada quarto com uma xícara de chá para cada um de nós.
Após a saída de Monjo, seguimos a trilha pelo Vale do Dudh Kosi e passamos pelo Centro de Visitantes bem na entrada do Parque Nacional Sagamartha, considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, onde 0 Manuel Morgado demonstrou novamente através de uma maquete ali exposta, todo seu conhecimento das montanhas do Himalaia, permitindo a todos uma pequena visão do que teríamos que enfrentar nos próximos dias de trilha. Ao entrar no parque obtivemos uma visão espetacular do Monte Thamserku com seus 6618m de altitude. Continuamos caminhando ao longo do leito do rio Dudh Koshi, ladeado por uma bela floresta de pinheiros, pegando depois uma grande subida e atravessando inúmeras pontes suspensas que, felizmente, foram refeitas em metal, sendo uma delas a famosa Ponte Hillary. A pouco tempo atrás, o trekking ganhava mais emoção com a travessia das pontes de madeira. Imagine cruzar um rio, a uma altura de mais de 100 metros, dividindo a ponte de madeira com outros turistas, carregadores com mais de 50 kg nas costas e os iaques, animais típicos da região, parecidos com bois, usados também para transporte de cargas.
Chegamos a um pequeno mirante de onde avistamos pela primeira vez o nosso principal objetivo, bem acima dos cumes do Lhotse e Nuptse, o Monte Everest, lá estava ele, imponente entre as folhagens da vegetação ali existente, com seu jet stream eterno sobre seu cume, contrastando com um céu totalmente azul, realmente um cenário fascinante. Cerca de 1,5h depois chegamos a um ponto de abastecimento de água, onde avistamos novamente a montanha mais alta do mundo. Chegamos a Namche Bazaar (3400 metros), maior vilarejo e principal centro comercial da região do Vale do Khumbu após 5h de caminhada, superando um desnível de 600 m, e seguindo diretamente para o Lodge Ama Dablam para almoçar. De certo trecho da trilha obtemos uma visão magnífica do vilarejo que fica localizado em um vale, ladeado por belas montanhas nevadas. A partir deste lodge, por possuírem banheiros coletivos ocorreriam sorteio para ordem de banhos. O nome Bazaar vem da tradição comercial desta importante cidade da região do Khumbu, com um bom número de cafés (com internet), lodges e lojas, inclusive para comprar aquele último equipamento que faltou nas aquisições em Kathmandu e artesanatos. Lógico com preços superiores. Este foi um dia difícil, porém as visões dos vales do rio do Leite e do Everest recompensaram o grande esforço.
Com o restante da tarde livre, descansamos, atualizamos nosso diário de viagem e acessamos a internet (wi-fi grátis). Junto com parte do grupo, seguimos a dica do Manoel Morgado e comemos a famosa e gostosa torta de maçã do Herman Helmers Bakery. A partir deste dia começamos o utilizar o saco de dormir para amenizar o frio intenso que fazia dentro dos quartos dos lodges, que em certas manhãs quando acordávamos marcava quase 10 graus negativos.