quinta-feira, 31 de janeiro de 2002

PICO DO PAPAGAIO - ILHA GRANDE / RJ





Estávamos de férias em janeiro de 2002 curtindo aquele verão na paradisíaca Angra dos Reis, mais precisamente na casa de meus pais na praia de Garatucaia. Pela manhã na praia com a família, pegando aquele sol, caminhando pela areia e olhando o mar, vislumbrei ao fundo a Ilha Grande, com sua exuberante Mata Atlântica e em destaque uma Pedra em forma de um Bico de Papagaio. Eu como aprecio muito as montanhas, pensei vou subir aquela montanha. E no dia seguinte bem cedo, Eu, meus filhos, Thiago e Juliana e mais o meu sobrinho Leleu, de carro nos dirigimos para o cais de Mangaratiba para pegar a barca para a Vila do Abraão na Ilha Grande. Tudo isso realizado numa tremenda correria, pegar mochilas, arrumar estacionamento e correr até o cais, pois só foi a gente comprar as passagens para a barca apitar para sair. Ufa, quase a perdemos.

Este pico pode ser avistado facilmente da Vila do Abraão e recebe esse nome devido ao seu formato que lembra muito a cabeça de um papagaio, na minha opinião parece mais um rato. Descemos na vila e para alcançar o inicio da trilha, seguimos a estrada em direção a Praia de Dois Rios, tomando todo cuidado para não passar de uma placa indicativa(T13) localizada no lado direito, onde a trilha tem seu início. Deixando a estrada, a trilha começa estreita numa mata bem fechada e no decorrer da caminhada nos deparamos com uma imensa variedade de espécies de vegetação endêmica da região. Alguns obstáculos no caminho não comprometeram a caminhada, são geralmente árvores de grande porte que sucumbidas pelas intempéries impedem a passagem, mas nada que um desvio não resolva. Passamos ora por cima, ora por baixo desses imensos troncos, sempre subindo em direção ao cume. Depois de aproximadamente 15 minutos de caminhada desde o início, a trilha apresenta uma curva à esquerda e fica ligeiramente plana e até desce um pouco.
Após cruzar um riacho e com muitos obstáculos no solo ela volta a subir e descer novamente, até passar sobre uma laje de pedra, onde penetramos em um vale onde a trilha fica ligeiramente plana, mas volta a subir ao deixar as vertentes para trás. O gradiente de subida vai aumentando e se nenhuma nuvem atrapalhar, da para ver um morro bem alto e distante por entre as árvores. Neste mosaico confuso entre pedras e riachos a trilha praticamente some, e surge então uma placa de sinalização T13. Após essa placa a trilha cruza um riacho, não beba água neste riacho e sim depois de passar rente a uma enorme pedra, onde surge o maior riacho da caminhada, onde a parada é recompensada pela exuberante natureza do local, onde além da flora, é possível apreciar uma bela fonte que nasce sob um bloco de pedra e que jorra água sem medo do desperdício. Aproveite a generosa oferta gratuita e saboreie uma autentica água mineral na fonte, hehehehehe. A fauna estava sempre presente na trilha e o barulho dos macacos bugios nos acompanhou durante quase todo o percurso. Continuando a subida passamos por imenso arvoredo e ao lado de uma imensa árvore à esquerda cujas raízes parecem engolir uma pedra. Contornando essa pedra, a trilha faz uma curva à esquerda e nesse trecho, olhando por entre a mata à esquerda, dá para notar que o topo do morro que você sobe está próximo, o que não significa que a subida acabou, pois para alcançar o cume ainda falta muito chão. Depois de passarmos por imensas pedras, chegamos a um enorme bambuzal, neste trecho observe com atenção o leito da trilha, pois, devido a grande quantidade de folhas, o piso erodido fica praticamente encoberto.Após o bambuzal a trilha segue em ziguezague, e mais adiante atravessa um trecho alagadiço, onde uma placa de sinalização (T13) indica que vc está no caminho certo e já próximo da base do Pico. Continuando passamos por muitas samambaias pelo caminho e novamente surge a placa T13.
Mais adiante encontramos uma bifurcação e seguimos pela a trilha a esquerda passando sobre vários blocos de pedra, troncos e raízes até surgir novamente a placa (T13). Seguindo encontramos outra bifurcação, seguimos à esquerda. A trilha a direita dá acesso a um mirante na base do pico. Chegar à base do Pico apesar de faltarem alguns trechos com rochas para serem atravessados já é compensador, encontramos belíssimos mirantes e ficamos extasiados pela beleza do local e pela forma inusitada do conjunto de rochas que formam o desenho de um bico de papagaio, chegar até aqui já vale a caminhada. A imponente figura de um papagaio com o seu bico apontado para a Baía da Ilha Grande revela a riqueza das matas da ilha, de sua fauna e flora. O Papagaio é o guardião de toda essa biodiversidade. Na base do pico também observamos algumas vias de escaladas, sendo uma dessas vias dando acesso ao cume do Papagaio. Entretanto, emoções maiores estão por vir. Ao afastar-se do paredão, a trilha avança sobre pedras e volta a subir cada vez mais inclinada e vários mirantes aparecem no decorrer dessa subida, proporcionando estonteantes visuais. Deparamos com um trecho de escalaminhada com muitas bromélias e pequenos arbustos que termina numa pedra inclinada, que é exatamente o cume, sim depois de muito esforço chegamos ao topo, melhor chegamos ao céu, pois a visão que se tem lá de cima mais parece o paraíso. Pra se ter uma idéia da grandiosidade desta maravilha da Ilha Grande, o Morro do Corcovado na Cidade do Rio de Janeiro tem 710 metros de altura e o Pico do Papagaio desponta no coração da Ilha e nos faz voar com ele a 982 metros de altura. É o segundo ponto mais alto da ilha Grande, atrás apenas do Pico da Pedra d´Água, com 1035 metros. Mirante natural com visão panorâmica de 360 graus de toda a Ilha Grande. Sem falar que é possível avistar em dias de céu de brigadeiro, o Dedo de Deus em Teresópolis, a colossal Serra do Cairuçu em Paraty e como um gigante adormecido, a Pedra da Gávea no Rio de Janeiro. O cenário ainda se completa se olharmos para o norte, vemos o mar abrigado pela costa,
onde está a Enseada das Estrelas, ao sul, o mar aberto, onde estão a linda Ilha Jorge Grego e a praia de Dois Rios, onde se encontra as ruínas do antigo presídio, a leste a Vila do Abraão e bem longe toda Restinga de Marambaia e a oeste a Vila de Araçatiba e a maior montanha da ilha, o Pico da Pedra d´Água..
Finalizando o visual que se vislumbra do pico do Papagaio é inacreditável e é um privilégio para aqueles que amam a natureza e tem perseverança para alcançar um objetivo, nesse caso o cume desta bela montanha.
Na volta, muito cuidado, pois é fácil confundir o caminho na base da rocha e pegar a trilha errada. E se você pensa que descer é a parte mais tranquila, que pra baixo todo santo ajuda, se enganou, prepare-se para 3 horas ininterruptas de muita ralação.
Dicas
- Atualmente existem 2 pontos principais onde você pode pegar uma balsa / barco para ir a Ilha Grande : Direto da cidade de Mangaratiba ou pelo distrito de Conceição de Jacareí, distrito de Mangaratiba, e é o local do continente mais próximo a ilha. A ida por Mangaratiba é a mais convencional e a que cabe mais gente.
- A trilha para o Pico Papagaio T13 é considerada uma das trilhas mais pesadas da ilha. Recomenda-se não fazê-la sem o auxílio de um guia experiente.
- Tempo previsto 3h para subir e mais 3h para descer.





































sexta-feira, 11 de janeiro de 2002

CIRCUITO GARATUCAIA/SOROROCA/CAETÉS/GARATUCAIA





Em 2002 estávamos hospedados numa casa em Garatucaia, e Herbert e Eu resolvemos pela quinta vez realizar uma caminhada até a Praia da Sororoca em Angra dos Reis. Começamos a caminhada pela areia da praia de Garatucaia e ao final da faixa de areia, subimos por uma trilha perto da Vila dos Pescadores que dava acesso à Praia de Caetés, chegamos a estrada que à esquerda nos leva a Praia de Caetés, seguimos a direita para a Praia da Sororoca. Após uma subida suave de quase 1km nesta estrada, com belos visuais da Praia de Garatucaia, de Conceição do Jacareí e bem ao fundo de uma grande serra que faz parte do Parque Estadual de Cunhambebe, além de outras seções da Serra do Mar, chegamos ao local que dá acesso a trilha, onde um muro de pedra com um portão é a senha de entrada. O início da trilha é basicamente composto de vegetação rasteira, e como o sol não nos deu moleza, apesar de estarmos descendo em direção a praia, a situação só foi amenizada com o belo cenário descortinado a nossa frente, que nos apresentava um mar azul e ao fundo grande parte da Ilha Grande, realmente é para parar e refletir um pouco esse presente da Mãe-Natureza. Continuamos descendo, entrando por um trecho de Mata Atlântica, chegando logo a seguir na areia da praia. Notamos que esta pequena praia com 150 metros com areia fina e branca e água do mar cristalina como sempre é totalmente envolvida em toda sua extensão por fragmentos da Mata Atlântica, predominando em suas laterais belos costões rochosos, e que estava, ao contrário das vezes anteriores sendo bastante freqüentada. Isso, aliado à beleza do lugar, que nos brindava bem em frente com a Ilha Grande. Ela somente é alcançada por trilha ou por via marítima, e justamente devido a essas atrações várias lanchas ali estavam fundeadas. Ou seja, embora houvesse uma degradação evidente no local, o mesmo ainda guardava um patrimônio ambiental e cênico considerável. Apesar da beleza do local resolvemos fazer algo diferente, tentar chegar dali até a Praia de caetés. Primeiro seguimos até onde foi possível pelo costão rochoso a beira-mar, tendo sempre como companhia ao fundo a Ilha Grande. Não encontramos uma trilha definida, em certo trecho, tivemos que abrir caminho na mata fechada, composta por muitos espinheiros e enfrentar um sol escaldante, e depois de quase 40 minutos chegamos a uma trilha em área aberta e 20 minutos depois estávamos totalmente suados e arranhados no cais da praia de Caetés. Somente após um bom mergulho naquela água refrescante e límpida, revigoramos nossas energias e retornamos a Praia de Garatucaia.