Acordamos bem cedo, por volta das 5 da manhã, a ansiedade era grande, afinal iríamos conhecer Machu Pichu, situada a 2400 metros de altitude, em meio à selva andina e uma cadeia de montanhas. A cidade foi construída há mais de 500 anos pelos incas, e foi declarada Patrimônio Histórico da Humanidade, título concedido pela UNESCO.
Saímos para encontrar o nosso guia Juan, que nos levaria para tomar café num restaurante localizado bem frente à estação de trem de Águas Calientes. Ainda estava escuro, porém o dia prometia grandes surpresas. Tomamos um bom café e saímos em direção ao ponto do ônibus, fazia um frio até gostoso e o dia começava a clarear no povoado de Águas Calientes. Só então podemos observar melhor o pequeno vilarejo que fica num belíssimo vale espremido entre as montanhas e o Rio Urubamba. O local não tem grandes atrativos, a não ser as fontes de águas termais, que não fomos conhecer por falta de tempo, porém a pequena Águas Calientes é base para quem vai conhecer Machu Pichu. Pegamos o primeiro microônibus que sai às 6:00h para o Parque, por sinal bem confortável e com muitos turistas estrangeiros a bordo. Já na estrada de barro a ansiedade era bem maior, afinal era um sonho que estava para se concretizar, e sonhos tem que ser perfeitos, nada poderia dar errado. O microônibus foi margeando o caudaloso Rio Urubamba, o rio sagrado dos Incas que muitos quilômetros à frente suas águas encontram com as do Rio Ucayali, e seguem para desaguar no Solimões, que no encontro com o Rio Negro já em terras brasileiras, se transforma no Rio Amazonas. À medida que seguíamos deu para perceber que a vegetação ao redor ficava mais densa, acho que estávamos no meio de uma floresta tropical. Logo começamos a subir uma montanha em zig zag que terminaria na entrada do Parque. No
caminho ficamos perplexos com tanta beleza das paisagens e com o grande número de mochileiros que seguiam em direção a Machu Pichu. A certa altura do percurso avistamos o grande Huyana Picchu, “imponente, simplesmente magnífico.” Chegamos à portaria do Parque, uns 25 minutos depois, pegamos o passaporte de entrada que estava com a gente, carimbamos, e já dentro do parque, fizemos uma caminhada até a parte alta do Santuário, onde juntamente com o guia demos uma parada perto de uma casa inca, que era o centro de controle de entrada na cidade. A visão panorâmica de todo conjunto das construções era realmente espetacular, aquela que vemos em todo cartão postal de Machu Pichu, e que na realidade não nos dá a noção exata da grandiosidade de toda cidade, que só ao vivo podemos ter. Estávamos lá diante do monumental sítio arqueológico, semi-encoberto pela névoa da manhã, porém com os primeiros raios de sol surgindo por trás das montanhas, criando assim um momento mágico, de inigualável beleza. Um colírio para os nossos olhos. Olhando bem a nossa frente o Huyana Pichu, à direita montanhas verdejantes, atrás o portal do sol e a esquerda, bem distante uma cordilheira com vários picos nevados, indescritível. Depois das explicações do guia sobre a construção de Machu Pichu, começamos a exploração das inúmeras atrações da Cidade
da Paz e do Arco-Íris, como os incas a chamavam. A cidade é composta de duas partes distintas: o setor urbano onde ficam os templos e residências e o setor agrícola formado por terraços onde era feito o plantio, irrigado por um sistema de distribuição de água, que compreendia uma seqüência de calhas e túneis escavados nas rochas. Descemos até a área sagrada onde ficam os principais templos: o do sol, o das três janelas e o principal. No templo do Sol, vimos uma janela por onde o sol entra no solstício de inverno (21 de junho). Conhecemos também o Bairro dos Sacerdotes, onde se encontram as habitações, e o Bairro Popular, onde os populares e camponeses habitavam. Algumas casas tiveram seus tetos de palha restaurados, o que permite observar como era a cidade a séculos atrás. Abaixo, a direita está um imenso gramado, onde era a praça da cidade, que dividia o setor urbano em área sagrada e residencial. Subimos e descemos degraus várias vezes, observamos na montanha o perfil do índio, o condor de asas abertas e a face do puma, tiramos várias fotos deste lugar único. Depois seguimos para a rocha sagrada, que fica aos pés do Huyana Pichu. O Intihuatana, como é chamada, apresenta-se de forma a parar o sol nos dois equinócios. Ao meio dia de 21 de março e 21 de setembro, o sol pára quase diretamente em cima do pilar, sem qualquer sombra e, neste momento, diz-se que o sol está “preso” à rocha. Eram nestes períodos que os incas realizavam poderosas cerimônias na pedra. Também existe um alinhamento com o solstício de dezembro (que corresponde ao solstício de verão no hemisfério sul), mas a pedra sagrada era usada sobretudo para os equinócios. Depois dessas explicações o nosso guia se despediu, tinha terminado seu trabalho. Eram pouco mais de 11:00h, quando resolvemos subir o Huayna picchu, mais uma
“escalada” pela frente com centenas de degraus encravados nas rochas, foi nossa sina nesta viagem, subir quando já estávamos tão alto, entretanto vale muito à pena. Para chegar ao cume é necessária uma caminhada de mais ou menos uma hora, por uma trilha bem íngreme. No portão de acesso é preciso colocar em um livro de registro, o nome, o número do passaporte e a hora de entrada na trilha. Isso porque só é permitido o acesso de no máximo 400 pessoas por dia, ou até as 13:00h, mesmo que este número não tenha sido atingido. O Valdir de Uberlândia e o Felipe seguiram na frente, o Peri resolveu não arriscar e preferiu nos aguardar na entrada do parque. A subida foi bastante cansativa, parávamos várias vezes para descansar, afinal estávamos a mais de 2400m de altitude. O esforço valeu a pena, no alto da montanha fica o Templo da Lua e outras ruínas e de lá, tínhamos uma visão privilegiada de toda Cidade Sagrada, com montanhas verdejantes por todos os lados e o rio Urubamba bem lá embaixo correndo em direção ao Brasil, muito bonito, simplesmente espetacular, difícil de descrever com palavras. Tiramos inúmeras fotos neste lugar singular, falamos ao celular com o Brasil e, só não encontramos com o Xará e o Felipe, pois não ficamos sabendo onde eles se meteram. Descansamos um pouco e começamos o caminho de volta, cansados mas felizes, afinal, o sonho de tantos anos finalmente tinha sido concretizado. Posteriormente encontramos o Peri e retornamos para Águas Calientes onde ficamos até o dia seguinte, quando retornaríamos a Cusco.
Ver fotos e relatório na íntegra dessa aventura no site: http://toperambulando.com.br/