Com quase 2.792 metros de altitude, o Pico das Agulhas Negras é o ponto culminante do estado do
Rio de Janeiro e o quinto mais alto do Brasil, segundo o IBGE, que é um
instituto oficial criado exatamente para esse fim e anualmente
publica um
documento chamado Anuário Estatístico Brasileiro, com as informações
geográficas e estatísticas brasileiras em diversos segmentos. Esta linda
montanha está localizada na Serra da Mantiqueira no planalto de Itatiaia, e faz
parte do Parque Nacional de Itatiaia.
O pico recebeu o nome de Agulhas Negras
devido a existência de grandes e profundas canaletas escuras e verticais, paralelas
umas às outras, que foram cuidadosa e lentamente esculpidas na rocha pela ação
das chuvas ao longo dos tempos, que lembram agulhas e que podem ser observadas num
simples olhar para a montanha.
Eu e meu filho Thiago, já tínhamos
conquistado este belo pico a quase 20 anos anos atrás, e com todos esses
adjetivos descrito acima, resolvemos pela segunda vez chegar até seu cume. Para
isto, eu, Herbert, meu filho Thiago e nosso amigo e guia João Sergio reservamos
pernoites no Abrigo Rebouças, e numa segunda-feira ensolarada encaramos 160 Km
de Via Dutra até Engenheiro Passos, mais 25 Km pela estrada RJ 354 até a
Garganta do Registro e mais 14km até o Posto Marcão, Portão de entrada do
Parque, agora em bem acessível. Os outros 3Km até o Abrigo foram um verdadeiro
off-rood, cheio de pedras pontiagudas. Cabe ressaltar a necessidade do
preenchimento de um formulário de entrada no parque de todos os integrantes.
Chegamos ao Abrigo Rebouças por volta das
14h, almoçamos e exploramos o entorno do abrigo. No dia seguinte as 8:00h, partimos
do abrigo, de onde já é possível ver o pico, para encarar a trilha com cerca de
2 km que leva à base das Agulhas Negras, fazendo neste trajeto cerca de 1:00 h.
Neste percurso passamos inicialmente, por áreas de Campos de Altitude, por pequenas
elevações rochosas e bloco de pedras, até chegar a uma ponte pênsil, que
atravessa uma área alagada. A partir deste ponto, o majestoso Pico das Agulhas
Negras, passou a ser presença marcante em nossa visão, pois estaria sempre a
nossa frente, e tendo ao fundo, olhando o belo vale à direita a imponente
formação rochosa das Prateleiras, simplesmente um visual de tirar o fôlego. No restante
do caminho até a base das Agulhas Negras passamos por turfeiras e bambuzais até
a chegada em um platô, onde realizamos a primeira parada para descanso. A
partir deste ponto pegamos a pior parte da trilha até o cume, pois
ultrapassamos vários obstáculos nas canaletas, realizamos várias “escalaminhadas” por grandes paredões de pedras, que
pareciam intransponíveis, subimos extensas rampas de pedra, às vezes passando
por frestas existentes entre as rochas, num verdadeiro trepa-pedras, utilizando
em alguns momentos cordas e equipamentos de segurança, que exigem alguma
técnica de montanhismo e muita coragem. Da base até o cume são aproximadamente
2 km de subida íngreme, com graus variados de dificuldade. Porém quando alcançamos
o objetivo, foi só alegria.
Durante nossa estadia no topo pudemos
observar fantásticas paisagens e apreciar uma vista magnífica para três
estados, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, ter uma visão panorâmica de
todo o
planalto e de diversos pontos como o Morro do Couto, Maciço das
Prateleiras, Represa do Funil, a Serra Fina, a área de Visconde de Mauá e do
Vale do Paraíba entre outros. Ali também lanchamos, descansamos e depois de
quase 01:00h iniciamos o retorno dessa grande aventura. A volta apresenta menos
dificuldade que a ida, mas requer, também, muito cuidado em todos os momentos.
Ao chegar à trilha propriamente dita, olhamos algumas vezes para trás e pudemos
realmente sentir a magnitude de nossa conquista, ao contemplar o belo
espetáculo proporcionado pelo astro-rei, iluminando com uma coloração
alaranjada o imenso paredão de Pedras que formam o Pico das Agulhas Negras. E
assim terminou nossa bela aventura
Considerações
finais: O nível
de dificuldade desta trilha varia de acordo com a forma física e experiência em
montanha de cada participante. Todo trajeto do Abrigo Rebouças até o cume mede
cerca de 4km, com um tempo variando entre 3 e 6 horas. O percurso de 2km até a
base do Pico é considerado de nível moderado e é realizado praticamente no
plano, porém da base até seu topo pega-se uma subida bem íngreme com um grau de
dificuldade pesado e com utilização de equipamentos de segurança
, em função do risco que este
trecho apresenta. O tempo de subida varia
de acordo com a via a ser utilizada, pois o maciço possui mais de 20 vias de ascensão
com diferentes níveis de dificuldade.
Vale ainda lembrar como curiosidade que o
cume do Pico das Agulhas Negras situa-se na divisa entre os estados de Minas
Gerais e Rio de Janeiro, e que durante o inverno, entre os meses de junho e
agosto a temperatura no topo do Pico pode chegar facilmente a patamares
negativos, inclusive com fortes geadas. Este simples fato de nevar ou gear na
parte alta do parque, aliado o interesse pelos esportes radicais, tais como
alpinismo, rapel, trekking, entre outras modalidades, tem atraído muitos
turistas ao local em busca adrenalina.
Agradecemos também ao nosso querido amigo e
guia João Sergio, pela dedicação e paciência com os mais “velhinhos”, pois sem
ele seria muito difícil chegar ao objetivo final.
Dicas
-Entrar em contato
com o Parque com bastante antecedência para reservar espaço no camping ou no
abrigo, já que os mesmos possuem vagas limitadas.
- Cuidado
com algumas
bifurcações na Trilha para o Pico das
Agulhas Negras, elas podem dificultar o caminho, se errar volte e
observe melhor;
- Como qualquer local onde há
vegetação, existem possibilidades de cruzar com animais silvestres e peçonhentos;
-Utilizar equipamentos de
segurança adequados;
- Por tratar-se de uma montanha
cuidado na subida e descida para evitar quedas pois estas podem ser fatais.
-Em caso de chuva aborte a
subida, por riscos de raios e quedas.
- Se for de carro,
fique atento ao tempo devido as condições da estrada, que é de terra e bastante
esburacada, se puder opte por carros 4×4, mas se não for possível vá com cuidado
que o carro chegara até ao abrigo ou acampamento.
- Levar equipamentos
de frio pois as temperaturas no Parque podem chegar a abaixo de zero.
- Traga seu lixo de
volta e se for possível recolha o lixo deixado por terceiros na trilha.
- É recomendável
levar do Abrigo Rebouças, entre 1 a 1,5 de água para a trilha, pois no caminho
não há água potável.
– No parque não há restaurantes, portanto
leve seu o que você vai comer.
- Após pegar a RJ 354 em Engenheiro Passos.
Apesar da estrada apresentar boas condições de dirigibilidade, as várias curvas
em mão dupla, torna a estrada bem traiçoeira e perigosa.
- levar toda roupa de
cama caso se hospede no abrigo.
- No abrigo há fogão
e se der sorte com botijão cheio.
- É imprescindível a
presença de um guia que conheça a área e tenha conhecimento em técnica de
montanhismo.
- Telefones úteis do
Parque Nacional de Itatiaia: DDD24.
33521292; 33522288; 33526894 e 33514083, este último da entrada do
parque, parte alta (Posto Marcão).
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Ao fundo Pico das Agulhas Negras |
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Barragem próxima ao Abrigo Rebouças |
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Primeira visão da Prateleiras |
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Na trilha |
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Eu com a Prateleiras ao fundo |
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Visão geral do Pico das Agulhas Negras |
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Thiago com a Prateleiras ao fundo |
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Galera na trilha | |
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Contemplando a natureza |
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Subindo em direção ao cume |
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Ultrapassando mais um obstáculo |
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No cume |
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No cume |
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No cume |
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Galera no cume |
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Thiago no cume |
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Descendo |
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Entardecer nas Agulhas
Galera reunida no cume
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