Cedinho já estávamos de pé, queríamos fotografar o nascer do sol no Salar de Uyuni. Muito bonito! Tomamos café e levamos as mochilas para colocá-las no bagageiro do nosso carro, procedimento idêntico feito pelos outros seis carros que estavam naquele abrigo. Um movimento frenético de entra e sai.Gente falando em diversos idiomas, mas um só objetivo: Todos queriam sair cedo para aproveitar bem o dia. Gente de toda parte do mundo estava ali, inclusive um casal de alemães, cuja senhora aparentava uns 65 anos, achei aquilo sensacional, se você tem saúde, não existe idade para botar uma mochila nas costas e curtir uma bela aventura. Um bom exemplo para os jovens.
Saímos as 8:30h com destino ao povoado de San Juan de Rosário, nada demais, tiramos algumas fotos e seguimos adiante. Seguimos em direção a uma das mais belas regiões da Bolívia, o altiplano Boliviano com altitude que variam de 3600m a 4800m. No caminho passamos por um posto militar de Chiguana, onde teoricamente deveria haver um controle de passaporte, mas ao parar na cancela o Ramiro só disse a um dos oito guardas que ficam no posto, que éramos brasileiros, e o cara abril a cancela.
Cruzamos o Salar de Tiguana e seguimos para um mirador onde podemos observar e fotografar toda a região, inclusive o famoso Vulcão Ollague, com seus 5.863m, que fica na fronteira com o Chile. A seguir conhecemos a lagunas Cañapa onde fomos recebidos por uma espécie de raposa, chamada de “Zorro Andino”, esses animais chegavam bem perto à procura de comida, já bem acostumados à presença humana. Fotografamos a vontade.
Também lá, vimos os primeiros flamingos da viagem. Os flamingos são aves peraltas, de bico grande e dobrado e plumagem bastante colorida em tons avermelhado. Essa bela ave e facilmente encontrada nas lagoas do altiplano se alimentando de algas e pequenos crustáceos.
Voltamos para o carro e seguimos para a Laguna Hedionda onde almoçaríamos. No caminho cruzamos por manadas de Vicuñas selvagens que fugiam em disparada ao avistar o nosso carro. Enquanto dirigia, o Ramiro nos contava que a Vicuña chegou à beira da extinção por causa da caça indiscriminada. Foi ai que o governo proibiu a matança e a população voltou a crescer. Ponto para eles.
Enquanto o Ramiro preparava o almoço saímos para fotografar a bela laguna. Enquanto almoçávamos, novamente comida fria, vários pássaros rondavam os nossos pés a procura de migalhas. Realmente toda a fauna da região estava acostumada com a presença humana.
Entramos agora em uma grande extensão de areia dourada, cercada ao longe por montanhas e vulcões de todas as cores. Um colírio para os nossos olhos. Entramos em um desfiladeiro, o Ramiro diminuiu a velocidade e olhava atentamente para os paredões formados por pedras soltas, uma em cima das outras. Foi quando parou o carro e nos mostrou um pequeno animal tomando sol no meio das pedras: Era a Viscacha, uma espécie de lebre do deserto, muito comum nessa região e no deserto de Atacama. Chegamos ao Deserto de Sioli a quase 4700m. No meio do deserto, imensas pedras esculpidas pelo vento formando figuras estranhas, entre elas a famosa “Árvore de Pedra”, formação rochosa parecida com uma árvore. Não se sabe como as pedras foram parar ali, talvez expelidas pelos vulcões em alguma erupção, a quilômetros de distância.
Nossa última parada do dia foi a Laguna Colorada, como o nome sugere, suas águas têm uma coloração avermelhada e também habitada por flamingos de várias espécies. Está Laguna, bem como boa parte do que conhecemos hoje, fica dentro da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa. Tivemos que pagar Bs30,00 por pessoa para ter acesso a Laguna, bem como nosso segundo refúgio para passar a noite. Este alojamento era bem pior que o primeiro. O nosso quarto tinha sete camas um tanto desconfortáveis, sem chuveiro de água quente e com banheiro coletivo. A luz também apagava as 22:00h. Mais uma vez tiramos as mochilas do carro e levamos para o quarto, já fazia muito frio e com certeza iríamos utilizar os nossos sacos de dormir. Ninguém arriscou tomar banho e as 19:00h uma nativa nos chamou para o jantar. Tomamos sopa, comemos massa e bebemos chá. Depois fui lá fora ver com o Ramiro que horas sairíamos no dia seguinte, ele disse que nos acordaria às 5:30h da madruga. Na volta olhei para o céu, me senti no espaço, foi o céu mais belo que já vi. Tudo muito nítido e brilhante, um espetáculo celeste.