sexta-feira, 4 de julho de 1997

PICO DA BANDEIRA - PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ/MG




Desde menino, quando ouvia falar na mais alta montanha do Brasil, que na época era o Pico da
Bandeira com seus  2890 metros de altitude, pensava, um dia ainda vou subir esta montanha. E o Pico da bandeira é uma destas montanhas que todo montanhista tem na memória ou no sonho, de um dia poder conquistá-la. Assim num belo final de semana do mês de julho de 1997, Eu, meu filho Thiago, meu sobrinho Leleu e outros amigos do CEB, embarcamos em direção ao município de Alto Caparaó em Minas Gerais. Chegamos a pousada por volta das 2 horas da madrugada, tomamos um bom banho quente e fomos dormir, pois no dia seguinte íamos sair cedo para conhecer as cachoeiras na parte baixa do parque.
O trekking no Pico da Bandeira pode ser realizado tanto a noite como de dia. A subida até o ponto culminante do pico permite assistir o belo espetáculo do nascer do sol em grandes altitudes.
Optamos pela caminhada noturna. Depois da trilha nas cachoeiras na parte da manhã e boa parte da tarde, almoçamos, descansamos, lanchamos e partimos de jeep em direção ao parque.
Passamos pela portaria e pegamos uma íngreme subida até a Tronqueira a 2000 metros de altitude. Ali nos preparamos e iniciamos por volta das 10 horas da noite a trilha para a segunda área de acampamento, o Terreirão. O caminho no início é muito fácil, são 4,5 km de subida em caminhos bem largos e as vezes muito erodidos, composto basicamente por uma vegetação rasteira  e com setas indicando o caminho pintadas com tinta amarela refletiva nas pedras. Mesmo pra uma subida noturna , não foi necessário utilizar as lanternas, pois uma lua cheia, pintava toda trilha de prata, parecendo estar de dia, surreal, inesquecível. Chegamos ao acampamento chamado Terreirão duas horas depois, levávamos nas mochilas, além de  lanches e água, outros agasalhos, pois naquela altitude a temperatura marcava dois graus negativos. O abrigo do Terreirão construído com pedras e chão de madeira estava lotado, com muita gente, um guarda florestal confidenciou-me que mais de 2000 pessoas estavam no parque. Então resolvemos fazer um pequeno bivaque( dormir ao relento), mas devido a baixa temperatura não conseguimos. Ficamos ali até as três da manhã, hora que o povo costuma começar a caminhada para o cume do Pico da Bandeira, para percorrer os outros quatro km e meio que faltavam em duas ou três horas a tempo de assistir o nascer do sol. A subida nesta parte final é um pouco mais puxada e mais íngreme, até certo ponto foi tranquila, alguns percalços aconteceram, tais como: Thiago teve  uma leve indisposição, ou hipotermia, mas mesmo assim chegamos ao cume em aproximadamente 2 horas e meia. Minutos depois o dia começava a clarear e o frio ainda se fazia presente e mais forte por causa do vento que soprava. Ficamos extasiados e tiramos muitas fotos do belo visual de 360º graus contornando um panorama ocupado por montanhas a perder de vista e do sol que começava a aparecer como uma pequena chama no horizonte incendiando de uma cor alaranjada o infinito tapete de nuvens brancas que se estendia a nossa frente.  Simplesmente indescritível, lindo e maravilhoso, realmente sem palavras.
Uma hora depois do nascer-do-sol, iniciamos a nossa descida que durou aproximadamente 4 horas até o acampamento da Tronqueira, descendo devagar e curtindo o visual que não tínhamos visto antes, por ter caminhado no dia anterior à noite. Da Tronqueira um jeep nos levou a até a pousada, onde depois de um bom banho, almoçamos e regressamos ao Rio de Janeiro, cansados, porém muito orgulhosos da nossa fascinante aventura.

DICAS: Caso queira subir à noite e esteja com neblina espessa ou chovendo, pense duas vezes! Muitas pessoas especialistas e turistas quase se perderam no Parque. Não saia com um tempo ruim, proteja você e sua equipe ao realizar o Trekking!
Se for acampar no Acampamento do Terreirão saia do Acampamento da Tronqueira no máximo 15:00 para chegar lá ainda de dia.
Pode-se subir com mulas auxiliando o carregamento das mochilas até o Terreirão. Do acampamento da tronqueira até o acampamento de terreirão temos uma distância de aproximadamente 3,7 km.
A partir do Acampamento da Tronqueira, são 9 quilômetros de uma trilha parcialmente desmarcada até a base do cume.
Leve várias blusas, luvas, toucas e chocolate quente fazem parte da noite lá. E se for subir à noite, então, leve um jogo de pilhas extra. Nada disso pode faltar! Um barato...
Procure ir com um calçado apropriado para este tipo de prática esportiva, ou para realizar caminhadas de lazer nas montanhas de modo a propiciar conforto para os seus pés. Evite ir de calçado novo para realizar sua jornada nas montanhas.
Acampamento do Terreirão fica na metade do caminho (cerca de 1:30 a 2 horas de caminhada) e é um bom ponto de parada, portanto, ao atingir o acampamento do Terreirão, monta-se o acampamento e aprecia-se o pôr-do-sol a 2.400 metros de altitude. Lembre-se de levar um fogareiro à álcool que também funciona bem por lá para realizar uma refeição quente e nutritiva e especial para repor os sais minerais.
Uma boa dica é ter muito cuidado para não molhar seu calçado. Leve meias de reserva, há perigo de congelar os dedos! Pra quem não tem um isolante térmico para dormir é bom levar pelo menos papelão para forrar o chão. Legal mesmo é acampar em noite de lua cheia no inverno! Além da aventura do frio, a visibilidade é bem outra.
Cuidado com sua comida! Os quatis são animais extremamente intrometidos e podem até furar sua barraca se sentirem o cheiro dela. Não alimente os quatis! Apesar de muito amigáveis, nossa comida pode causar sérios danos em seu organismo.
Depois de um descanso de em média 5 horas, os guias preparam o Chocolate da Madrugada, que deve ser acompanhado com sanduíches variados ou biscoitos.
Depois da refeição, lá por volta das 2:30 ou 3h00 da madrugada parte-se rumo ao Pico, que é alcançado depois de uma caminhada de aproximadamente duas horas e meia.
Para ver o nascer do sol do Pico da Bandeira é necessário planejar o horário de saída do acampamento, pois, chegar lá muito antes é furada! O vento é intenso e o frio é demais.
Alguns nativos, " guias de turismos", experientes da região dizem que é melhor sair cedo para aproveitar a paisagem do Pico da Bandeira, enquanto outros guias dizem que é pela caminhada na madrugada nas épocas de inverno.
Pelo lado de Minas Gerais você tem que passar pelo Acampamento da Tronqueira, pelo Acampamento do Terreirão, onde a subida é mais leve, ficando íngreme somente na última parte do Pico da Bandeira, e pelo lado do Espírito Santo você pode acessar as áreas do Acampamento da Macieira e Acampamento da Casa Queimada que também são perfeitos para quem gosta de acampar e fazer churrasco. Ambos estão equipados com churrasqueiras e uma ótima estrutura.





























CACHOEIRAS DO VALE VERDE - PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ/MG



A cidade de Alto Caparaó, já vale um belo passeio, pois convida você a sentir o ar puro, beber das águas cristalinas e se apaixonar pelo povo hospitaleiro do interior de Minas Gerais. Aqui as quatro estações do ano proporcionam momentos únicos, cada uma com sua beleza diferente. A hidrografia do local destaca-se por apresentar rios de águas cristalinas que nascem dentro do Parque Nacional do Caparaó. Os riosCaparaó e José Pedro ão os mais importântes da região. No Rio José Pedro que corta o Vale Encantado estão pequenas cachoeiras e poços para banho, e próxima a Tronqueira encontra-se a grande Cachoeira Bonita, com seus 80 metros de altura. Já o Rio Caparaó, em suas partes mais baixas, corta o Vale Verde, que tem uma cachoeira e várias piscinas naturais, além de área para piquenique, com churrasqueiras, vestiários e sanitários. Esse rio que corta o município pertence a Bacia Hidrográfica do Rio itabapoana e suas águas tem como destino final o Oceano Atlântico.
Meu filho Thiago, meu sobrinho Leléu e Eu, saímos cedo da Pousada do Rui na cidade de Alto Caparaó em Minas Gerais e nos dirigimos para o Vale Verde, localizado a 600 metros após a portaria da administração do Parque e situado em uma região de altitude baixa, inferior aos 1200 m,  quando comparado às outras porções do Parque, como por exemplo, o Vale Encantado, as áreas de acampamentos, e os picos que fazem parte da ampla cadeia de montanhas entre os 10 Picos mais altos do Brasil como o Pico da Bandeira, o Pico do Calçado e o Pico do Cristal entre muitos outros que formam a travessia dos 7 Picos.
 Este vale, que faz jus ao nome, na verdade é o Vale do Rio Caparaó, que nasce no sopé do Pico da Bandeira. Com sua belas montanhas de natureza exuberante cercando toda cidade com uma mata bastante densa e com suas inúmeras cachoeiras muito volumosas, formando piscinas naturais que propriciam deliciosos banhos e que servem também  para a prática do cachoeirismo ou outras atividades que envolvem o esporte e lazer, e como seu próprio nome já diz, o Vale Verde está repleto de árvores que fazem sombra e deixam a água ainda mais gelada. As cachoeiras e suas diversas piscinas naturais são oportunidades ideais para um bom banho gelado em águas puras e cristalinas envolvidos por mata ciliar, no qual seu entorno é formado por vegetação secundária de Mata Atlântica com altura entre 20-30 metros. Essas áreas florestais do Parque Nacional do Caparaó teriam sido alteradas pela ação do fogo, extração de madeiras nobres e desmatamento. Poucas áreas, em locais de mais difícil acesso, foram poupados dessas transformações, sendo que apresenta uma temperatura média anual de 22ºC a 24ºC. Em geral essa vegetação apresenta espécies de formações secundárias como as embaúbas, as quaresmeiras, os pau-jacarés e os angicos.
O acesso ao local é possível, inclusive para automóveis de passeio, em qualquer época do ano, e o Vale Verde apresenta uma infraestrutura que conta com vestiários, sanitários, churrasqueiras e área para piquenique.









sábado, 21 de junho de 1997

PASSAGEM DA NEBLINA - PNSO/TERESÓPOLIS/RJ




Resolvemos Eu e o Herbert, juntamente com outros amigos fazer a Passagem da Neblina e de quebra passar pela Pedra da Cruz localizados no Parque Nacional da Serra dos Órgãos em teresópolis. Já dentro do parque depois de realizar todos os tramites legais para a entrada, pegamos a mesma trilha que nos leva a Pedra do Sino,  e seguimos subindo normalmente, passando pelo Véu de Noiva, pela gruta,  até chegarmos onde deixaríamos a trilha principal, uma derivação bem escondida, próximo a uns canos de água, onde seria o Abrigo 2. Entramos neste caminho, que apresentava uma mata fechada e com muito bambu. Descemos um pouco, passando por alguns riachos secundários até encontrarmos um totem que indicava para seguirmos em frente. Quase uma hora depois emergimos novamente na mata e continuamos subindo com a ajuda das raízes das árvores e arbustos até chegarmos a uma crista que apresentava uma bifurcação, pegamos a direita (a esquerda não vai a lugar algum) que nos levou até a um mirante com uma bela visão da Verruga do Frade bem a nossa frente.  Um pouco mais já víamos o Escalavrado e o Dedo no ângulo que ele fica bem largo e deveria ser “Dedão” ou Polegar de Deus. Hehehehehehehe. Encaramos logo depois a primeira escalada no Paredão Roy-Roy, eu diria um 2º grau de um único lance que dá para fazer sem corda, porém por precaução a utilizamos, juntamente com um grampo, que  mais parecia uma barra de ferro encravada na rocha. Caminhamos mais um pouco pela crista, passando pela base da verruga, descemos  subimos novamente e logo depois nos deparamos com mais um trecho de escalada, agora também um 2º com uns 8 grampos para fazer os cerca de 20m de horizontal de platô e depois mais uns 15 de vertical meio para direita, muito bem protegido e com uma rocha super-super aderente !!!
Continuamos seguindo por uma laje de granito e depois de mais ou menos 40 minutos chegamos ao cume da Pedra da Cruz,  que nos presenteou com  um visual alucinannnnnnte do São João, São Pedro, Mirante do Inferno  e da Agulha do Diabo com seus 2050 metros de altitude. Ficamos realmente extasiados com a beleza  e a imponência dessas montanhas. Perambulamos até este trecho aproximadamente 4 horas de caminhada.
Curtimos muito o cume da Pedra da Cruz, com muitas fotografias e depois retornamos a trilha, agora descendo em direção a trilha principal, que é a da Pedra do Sino. Pé na trilha chegamos ao final da trilha na Barragem Beija-flôr em 3 horas.  Ida e volta, sem muita pressa realizamos esta trilha, que para mim é uma das mais bonitas e fascinantes do Brasil em aproximadamente 9 horas.